sábado, 7 de abril de 2012

O ÚLTIMO TANGO


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Blog de Pedro Cardoso

O ÚLTIMO TANGO


Eu nada mais tenho a dizer, no momento, a respeito do fato de a pornografia ter se disfarçado de entretenimento inocente para poder assim ser vendida a um público maior. O que penso, acredito que o disse de modo claro. Mas cabe ainda fazer um acréssimo relevante.

O meu próprio entendimento do assunto foi se aperfeiçoando a medida que eu escrevia. De todos os aprimoramento e ajustes que fiz, acho importante lembrar aquele que me parece ser o ponto mais sensível de toda esta discusão. Eu mesmo, nos primeiros textos, fazia um distincão entre pornografia e arte. Depois, percebi que esta oposição é falsa. Não é o atingir uma expressão digna de ser chamada de artística que desfaz o pornográfico na pornografia. Ela continuará sendo pornografia, ainda que seja também arte. E o efeito dela sobre nós será o mesmo: uma distração da história que se está contando. Ainda que modificada pela excelência da arte, ela provocará em nós a mesma excitação do desejo sexual que a outra, a pornografia evidente, produz.

Assim, mesmo em situações que vieram a produzir obras de arte, poderemos encontrar atores oprimidos pela pornografia que a eles foi imposta. A quem ainda duvidar do que estou dizendo, ou achar a minha posição excessivamente radical, transcrevo o relato que encotrei no "Wikipedia" a respeito da famosa cena de sodomia protagonizada por Maria Schnneider e Marlon Brando, sob a direção de Bernando Bertolucci, no inquestionavelmente artístico filme "O Último Tango em Paris." Vejamos o que os próprios envolvidos têm a nos dizer.

Durante  o trabalho de divulgação para o lançamento do filme, Bertolucci disse que Maria Schneider havia desenvolvido uma "fixação Edipiana em Brando". A própria Schneider disse que Brando lhe enviou flores quando eles se conhecerem, e que desde então ele "era como se fosse um pai". Em uma entrevista dada na época, Schneider negou a afirmação dizendo: "Brando tentou assumir uma postura bastante paternalista, mas na verdade nossa relação não era como se fossemos pai e filha". Alguns anos depois, no entanto, Schneider falou sobre um sentimento de humilhação sexual:

"Eu deveria ter chamado meu agente ou ter pedido que meu advogado viesse ao set, porque não se pode forçar alguém a fazer algo que não está no script, mas naquele tempo eu não sabia disso. Marlon me disse: 'Maria, não se preocupe, isso é só um filme', mas durante a cena, ainda que o que Marlon estivesse fazendo não fosse real, eu estava chorando lágrimas reais. Eu me senti humilhada, e honestamente, me senti um tanto estuprada, tanto por Marlon quanto por Bertolucci. Depois da cena, Marlon não me consolou nem se desculpou. Por sorte foi um take único".
  


Ah, que ótimo! Então o diretor se identificou com o ator e, por pudor de si mesmo, terminou por protegê-lo, ainda que apenas parcialmente. E com a atriz? Quem havia ali para com ela se identificar, e que tivesse poder para protegê-la, ainda que parcialmente? Ninguém. Nunca há.

Podem dizer que este é um caso específico. Mas acho que não. Sendo "O Último Tango em Paris" o ícone maior dos filmes artísticos de conteúdo erótico (sempre lembrado por aqueles que opõe pornografia a arte e que justificam suas cenas de nudez e sexo com a tutela de serem artísticas) estas declarações a respeito do que se passou naquele set são assustadoramente reveladoras!

Aqueles que têm sistematicamente discordado de mim, e até acusado-me de moralista, terão agora que discordar também de Maria Shnneider e de Marlon Brando, e terão que conviver com a peturbadora frase do próprio Bertolucci.



"I should have called my agent or had my lawyer come to the set because you can't force someone to do something that isn't in the script, but at the time, I didn't know that. Marlon said to me: 'Maria, don't worry, it's just a movie,' but during the scene, even though what Marlon was doing wasn't real, I was crying real tears. I felt humiliated and to be honest, I felt a littl raped, both by Marlon and by Bertolucci. After the scene, Marlon didn't console me or apologise. Thankfully, there was just one take."

Schneider subsequently stated that making the film was her life's only regret, that it "ruined her life," and that she considers Bertolucci a "gangster and a pimp." Much like Schneider, Brando "felt raped and humiliated" by the film and told Bertolucci, "I was completely and utterly violated by you. I will never make another film like that."

Bertolucci also shot a scene which shows Brando's genitals, but later explained, "I had so identified myself with Brando that I cut it out of shame for myself. To show him naked would have been like showing me naked." (1)





Escrito por Pedro Cardoso


[grifos em negrito e em amarelo - Thata]
Entrevista com Pedro Cardoso:

 


During the publicity for the film's release, Bertolucci said that Maria Schneider developed an "Oedipal fixation with Brando." Schneider herself said that Brando sent her flowers after they first met, and "from then on he was like a daddy". In a contemporaneous interview, Schneider denied this, saying, "Brando tried to be very paternalistic with me, but it really wasn't any father-daughter relationship. Years later, however, Schneider recounted feelings of sexual humiliation:

Schneider disse posteriormente que ter feito o filme era o único arrependimento de sua vida, e que o mesmo "arruinou minha vida". Disse ainda que considerava Bertolucci "mafioso e cafetão".  Assim como Schneider, Brando sentiu-se "estuprado e humilhado" pelo filme de Bertolucci. "Fui completa e profundamente violentado por você. Nunca mais farei um filme como esse".

Bertolucci filmou ainda uma versão da cena mostrando o órgão sexual de Brando, porém mais tarde esclareceu: "Eu me identifiquei com Brando a tal ponto que cortei a cena com vergonha de mim mesmo. Mostrá-lo nu seria mostrar a mim mesmo nu". 

[Não, você não leu errado. Vamos repetir para ter certeza:
Bertolucci filmou ainda uma versão da cena mostrando o órgão sexual de Brando, porém mais tarde esclareceu: "Eu me identifiquei com Brando a tal ponto que cortei a cena com vergonha de mim mesmo. Mostrá-lo nu seria mostrar a mim mesmo nu". 

Bertolucci filmou ainda uma versão da cena mostrando o órgão sexual de Brando, porém mais tarde esclareceu: "Eu me identifiquei com Brando a tal ponto que cortei a cena com vergonha de mim mesmo. Mostrá-lo nu seria mostrar a mim mesmo nu". ]